Trata-se
de um programa de TV com a exposição, aos telespectadores, de
situações ditas “reais”, ou seja, efetivamente vivenciadas por
participantes. Em tese, sem ficção.
Reality
shows têm várias possibilidades de formatos, abrangendo
elementos como:
- Enfrentamento de um ou mais desafios.
- Participação de pessoas famosas, desconhecidas ou de ambas os tipos.
- Competição, cooperação ou ambas as possibilidades entre participantes.
- Ambientação em cenários internos (estúdios de TV) e/ou externos (diversos).
- Interação do programa em relação ao público não participante, de nula a elevada.
- Transmissão ou não de dicas sobre assuntos específicos, como moda, culinária, decoração e outros.
- Apresentação em tempo real ou por meio de reprodução de cenas passadas. No primeiro caso, a audiência assiste ao programa em primeira mão, acompanhando o que ocorre em tempo real com os participantes; no segundo, o reality é exibido após o ocorrido.
- Merchandise de produtos de diversos tipos, adequados ao reality que se considera.
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Crédito da imagem: Salvatore Vuono |
Consideremos os seguintes
dois exemplos, da TV brasileira, a fim de que se possa visualizar os
elementos anteriormente listados, observando que as considerações
apresentadas procuram retratar o ângulo de um(a) telespectador(a)
genérico:
Exemplo 1: Esquadrão da Moda (SBT)
Melhorar
substancialmente, o estilo de participantes, especialmente, do
sexo feminino, alterando-se vestuário, cabelos e maquiagem.
Não se
aplicam. Alcançar o desafio já constitui premiação.
Dois
especialistas em moda, um especialista em cabelos e uma
especialista em maquiagem, além da pessoa convidada; quase
sempre, desconhecida do público, e cujo visual será
substancialmente melhorado.
Cooperação
entre os coordenadores de moda e o(a) participante, bem como entre
esse(a) último(a) e cada um dos dois outros especialistas.
Internos
(estúdio) e externos (caminhadas por ruas e visitas a lojas).
Exclusiva
dos participantes entre si.
Apresentadas
ao longo do programa sobre vestuário, cabelo e maquiagem.
Reality
reproduzido ao público em dia específico da semana.
Aparentemente,
de alguns itens apresentados no programa.
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Exemplo 2: Big Brother Brasil (Rede
Globo)
Conviver,
em um espaço confinado previamente preparado (“casa”
construída para o reality), o máximo de tempo possível
com um grupo de pessoas, sem ser eliminado pelo público.
Premiação
financeira final e outros benefícios ao longo do reality,
que dura várias semanas.
Pessoas
desconhecidas, previamente selecionadas. Artistas e outros
profissionais, pontualmente, entram no cenário e participam de
partes específicas, apresentadas ao público.
Coexistência
das duas posturas. Intrinsecamente, o reality constitui uma
competição, mas esta requer, em vários momentos, cooperação
entre participantes.
Preponderantemente
interno (na “casa” previamente preparada). Os participantes
ficam confinados em um espaço desenvolvido para esse fim (casa).
Exceções são abertas para eventos específicos.
Elevada,
no sentido de que o público elimina, a cada semana, um dos
participantes. Outros canais de interação podem ser trabalhados.
Não se
aplica, o que não significa que os diálogos na casa não possam
originá-las, entre os próprios participantes.
A cada dia, o reality
é apresentado parcialmente em termo real e parcialmente como
reprodução.
Aparentemente,
de alguns itens apresentados no programa.
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Ao lado dos dois exemplos
citados, baseados em realities exibidos em outros países,
existem muitos outros. Citemos, adicionalmente, outro exemplo de
reality, dessa feita, produzido nos EUA:
Exemplo 3: Cake Boss
(Discovery Home and Health)
Produzir
bolos maravilhosos, com decorações surpreendentes.
Não se
aplicam. A criação de um bolo excepcional já constitui
premiação intangível ao seus executores.
Buddy
Valastro (o cake boss), a equipe de sua loja de confeitos
em New York (que inclui pessoas de sua própria família) e
pessoas desconhecidas em geral, as quais encomendam bolos que
sejam visualmente originais. Note-se que Buddy esteve no Brasil,
recentemente, tendo recebido a atenção e o carinho de muitos
telespectadores.
Cooperação
entre os membros da equipe que cria os bolos.
Interno
(estúdio) e esternos (especialmente no transporte de bolos aos
locais de entrega).
Exclusiva
dos participantes entre si.
Aquelas
transmitidas ao longo da construção dos bolos.
No Brasil, o reality
é reproduzido.
O
principal merchandise percebido é o da loja de confeitos.
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Imagem do filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin |
Por um
lado, reality shows podem criar elevado nível de interesse do
público e terem elevada audiência. O interesse pode estar associado
a diversos fatores e/ou necessidades, tais como:
- Curiosidade; por vezes, voyerismo.
- Relaxamento.
- Diversão.
- Conhecimento.
- Possibilidade de interação.
- Realização de sonhos e desejos, ainda que por meio da atuação de outras pessoas.
- Outros
Por outro
lado, realities podem, genericamente, ser objeto de críticas,
tais como:
- Pessoas poderiam ser expostas a situações desagradáveis ou mesmo degradantes.
- Cenas podem ter uso excessivo e irresponsável de alcóol.
- Pessoas podem se comportar de maneira muito agressiva.
- Formatos podem ser pobres em conteúdo, não criando oportunidades de criatividade e aprendizado para todos, participantes e o público.
- Coordenadores e especialistas podem estabelecer critérios rígidos sobre temas como moda, estética e outros, ainda que substancialmente subjetivos.
- Situações ditas “reais” podem não ser tão reais assim, se a TV não as estivesse exibindo. Lembrando que edições de TV podem comprometer a “real realidade”.
- Participantes podem alterar seu comportamento, considerando sua exposição ao público, comportando-se como não se comportariam se não estivessem sendo televisionadas.
- Celebridades podem ser criadas sem mérito para tal.
- Atitudes vulgares podem ser indevidamente tratadas como glamour.
- Outras.
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Imagem do filme Truman Show |
demais exemplos.
Retornemos,
neste ponto, à pergunta do título deste post: por que
podemos gostar de reality shows? Ressalta-se que a palavra
“valor”: aqui, é sinônima de algum benefício considerado
válido pelo telespectador, ainda que de forma implícita, ou seja,
sem que o mesmo não pare para analisar por que mesmo gosta de
assistir a um dado reality. Nesse sentido, a lista anterior
de itens que podem provocar grande interesse nas pessoas constitui-se
em um conjunto de boas pistas.
Acreditamos
que a partir do momento em que uma pessoa assiste a um reality
show ou a qualquer outro programa de TV, de algum benefício ela
usufrui, segundo sua própria maneira de ser e ver o mundo. Mas,
vamos combinar: não ocorreria, talvez, o mesmo em relação a outros
programas televisivos, ainda que no caso dos realities, alguns
sentimentos em relação aos fatos exibidos se tornem, talvez, mais
exacerbados?
Ao mesmo
tempo, também acreditamos que aqueles realities e programas,
de maneira mais ampla, que procurarem formatos que maximizem
benefícios, concomitantemente minimizando ou eliminando aspectos
negativos, terão maior chance de agregação de valor à sociedade,
independentemente do quesito audiência, que não deve prescindir,
afinal, de uma postura ética. Qual é a principal implicação dessa
reflexão? A nosso ver, bom senso, dos produtores de TV, dos
participantes e do público, com especial atenção, sugerida, às
crianças, que não necessitam se tornar adultas antes do tempo
certo.
Postado por Nica Brand
Postado por Nica Brand
Adoro reallities e assisto vários: Cake Boss, A Guerra dos Cupcakes, Hell's Kitchen, Hotell Hell, The Face, Esquadrão da Moda, menos esses globais como BBB, A Fazenda, que são meros antros de discussão de coisa nenhuma.
ResponderExcluirAcho que são programas diferentes, alguns movidos pela competição, outros pela auto-superação, outros pelas transformações.
Sempre têm uma emoção, e acaba ajudando a distrair um pouco a cabeça. Sou fã desse tipo de programa.