sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Alemanha 7, Brasil 1: que lições podem ser tiradas desse jogo e o que não pode faltar na próxima Copa?


É Copa do Mundo no Brasil, em 8 de julho de 2014. A cidade é Belo Horizonte e o estádio, o Mineirão, lindamente reformado para as Copas das Confederações (2013) do Mundo (2014), e em cujo teto foi construída uma pequena usina de geração de energia fotovoltaica. Linda cena, lindo público, um mar verde-amarelo e muita expectativa.

Milhares de torcedores, fazendo festa, agitados, tensos ou apenas quietos, aguardam o jogo entre duas das maiores forças do futebol: as seleções brasileira, pentacampeã mundial, e alemã, tricampeã. Diante de telas de TVs, bilhões de expectadores também aguardam um grande jogo. Afinal, trata-se de nada menos que Brasil e Alemanha.

O jogo começa e, com ele, o evento que deixou milhões de brasileiros atordoados. Como é que isso pôde acontecer? Gol da Alemanha, gol da Alemanha, gol da Alemanha, gol da Alemanha, gol da Alemanha, gol da Alemanha e gol da Alemanha. Sete vezes! Um golzinho apenas, no final, de honra, para o Brasil, eliminado, fora da Copa, de forma inacreditável!

O que houve ali, no Mineirão, diante de bilhões? O que foi mesmo esse Mineirazzo?

Segundo o técnico Luiz Felipe Scolari, um apagão foi o causa do resultado, algo inexplicável. Discordando dessa resposta, observamos: o apagão todos nós vimos, não é causa, é fato em si, mas o que mesmo fez chegar a ele? Quais foram as causas? Precisamos de mais explicações, talvez de várias.

Com isso em mente, fizemos uma despretensiosa pesquisa exploratória com 30 e poucas pessoas, apreciadoras de futebol. Alguns, praticantes, em algum momento de suas vidas; outros, declaram nada entender do assunto, admitindo, porém, que gostam de assistir a jogos, como torcedores(as), pela TV ou no estádio.

Imagem: Rawich
O que todas essas pessoas pesquisadas têm em comum? Simples: gostam de futebol e torcem, com fervor, por algum time nacional. Às mesmas, apresentamos a seguinte pergunta: “com base no que ocorreu em Alemanha 7 x 1 Brasil, o que você acha que não pode faltar em uma futura Seleção Brasileira, para que esta tenha real e substancial chance de ganhar a Copa?”. Note-se que a pergunta foi feita de maneira não apenas a tentar entender o que as pessoas pensam que houve, mas também a estimular o pensamento construtivo e sugestões.

Lembramos que as respostas foram dadas sobre os jogos, per se, mas que existe todo um sistema de futebol no Brasil que produz uma Seleção Brasileira e seus resultados. Neste post, seremos mais específicos, focando jogos e resultados, sem deixar de reconhecer que existe muito a ser melhorado no sistema de futebol nacional.

Vamos, então, ao resumo das respostas, divididas em dois grupos de fatores: coletivos (7) e individuais (5):

Fatores Coletivos

  1. Integridade de escolha

É preciso que sejam escolhidos, realmente, verdadeiramente, os melhores jogadores disponíveis, os melhores talentos. Isso vale não apenas no momento da escolha de nomes, mas ao longo da Copa.

Mais: após a seleção de nomes, o treinador e sua equipe técnica precisam ter integridade para substituir quem demonstrou que não está bem.

Se o titular está jogando mal, é preciso dar chance ao reserva. A escalação deve ser por meritocracia. Simples assim.

  1. Consciência de coletividade

Futebol é um jogo coletivo. Essa premissa é básica, para evitar atitudes individuais que comprometam a equipe. Seguem dois exemplos:

  • Créditos: Naypong
    deixar de trabalhar a bola coletivamente apenas para demonstrar “o quanto sou bom”, o que é exibicionismo;
  • fazer faltas feias e depois dizer “fiquei com a cabeça quente”, o que significa falta de profissionalismo.

É claro que oportunidades individuais podem surgir, mas isso é diferente de imaturidade.

  1. Atitude

É fundamental que toda a Seleção jogue com alma, considerando a grande honra de representar o Brasil.

Jogar com alma é, portanto, a atitude é fundamental. Precisa dizer mais sobre esse ponto?

  1. Respeito ao adversário

Em Copa do Mundo, todas as Seleções merecem respeito.

Uma Seleção tetra-campeã dá trabalho, a exemplo da Seleção da Alemanha? Pois uma seleção sem títulos pode dar muito trabalho também.

Relembremo-nos do exemplo da Seleção da Costa Rica, na Copa 2014, que deu substancial trabalho a outras, com seu forte sistema defensivo.

  1. Estratégias de jogo

Site desta imagem
É preciso, assim como acontece na própria vida, ter um Plano A, um Plano B, um Plano C etc. Estratégias e esquemas de jogos podem ser vários, entre os extremos de a Seleção jogar totalmente recuada (“todos na retranca!”) ou totalmente avançada (“todos ao ataque!”).

Cada opção precisa ser bem entendida, testada e estar disponível. É preciso estudo, estudo, estudo; inclusive, estudo exaustivo e estruturado de times e jogadores adversários, em suas forças e fraquezas coletivas e individuais.

Quanto mais opções, melhor. Não dá para depender apenas do Neymar Jr ou de outro craque, por que “uma andorinha não faz verão”. Todos são absolutamente importantes. Naturalmente, a ausência de um dado jogador pode favorecer uma mudança de esquema, mas o que não é razoável é o time não ter opções.

  1. Eficácia do meio de campo, defesa e ataque

Segundo alguns respondentes, o dito meio de campo talvez seja o setor mais importante de um time de futebol, pois reforça a defesa e, ao mesmo tempo, cria jogadas e arma o ataque. Outros acreditam que toda a equipe seja importante.

Especial destaque deve ser dado às estratégias do tipo “todos na retranca!” e “todos ao ataque!”. O meio de campo torna-se importante para lidar com essas estratégias de jogo, criando alternativas de penetração de jogadores, no primeiro caso, e ajudando a desarmar, no segundo caso.

Entretanto, o ataque, por melhor que seja o meio de campo, pode perder oportunidades de gols, chutando mal, ou então, receber faltas que impeçam gols, sem que a arbitragem as perceba. Quanto à defesa, o meio de campo pode falhar ou a bola vir de outra forma, devendo os defensores lidarem com o perigo.

  1. Entrosamento

Todos os pontos anteriores podem estar compreendidos pela equipe, mas se os jogadores não alcançarem ou se perderem o entrosamento, todo o esforço poderá, também, ser perdido.

Nesse sentido, é importante treinar, treinar, treinar. Treinar anos antes da Copa. Lutar muito para maximizar acertos e minimizar erros de passes.


Fatores Individuais
  1. Técnica

Jogadores de uma Seleção necessitam conhecer bem seu ofício. Necessitam, portanto de boa técnica e eficácia, sem serem violentos, sem jogarem o chamado “anti-futebol”.

Alguns conseguirão jogar em todas as posições (caso mais raro); outros, serão mais efetivos em uma ou duas posições (mais comum). Sem problema, desde que a atuação seja boa e eficaz.

  1. Preparação física

Esse ponto parece óbvio, mas é sempre bom reforçar. Nem todos conseguem correr 120 minutos, se isso for preciso.

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Jogadores precisam aprender a correr, a respirar, a usar e poupar energias. Alguns jogos poderão ir além dos 90 minutos regulamentares, requerer prorrogação e a equipe menos preparada terá maior chance de perder.

  1. Concentração

Ela é imprescindível 100% do tempo, inclusive no início e no final do jogo. O time, muito nervoso, ou com dificuldade de concentração, ou ambos, pode tomar um gol logo no início do jogo ou nos seus minutos finais.

A concentração também é fundamental no acompanhamento de jogadas e na busca de oportunidades. A ordem é ficar ligado 100% do tempo de jogo.

  1. Domínio emocional

Sua falta pode levar uma equipe a performar de forma atabalhoada. O ideal é calma, calma, calma.

E o que poderia ser um bom controle emocional? Há várias ferramentas para trabalhar esse ponto, como treinamento, psicologia, práticas de yoga e muito mais. Quanto mais ferramentas à disposição da Seleção, melhor.

  1. Busca de auto-superação

Reconheçamos que poucos jogadores são excelentes, craques, embora vários sejam muito bons, e isso vale para todas as equipes. O ideal é a Seleção contar com a maior quantitade possível de grandes talentos.

Entretanto, craque ou não, cada jogador precisa buscar a superação de pontos fracos; as técnicas de domínio emocional acima citadas poderão ajudar bastante. Se isso for feito, a chance de resultados melhores aumentará. Exemplificando: um jogador pode aprender a desarmar adversários por meio de uma técnica cada vez melhor.


E você: com base nos 12 quesitos acima, sete coletivos e 5 individuais, quais notas, de 0 a 10, daria à Seleção Brasileira dessa Copa de 1014, no jogo Alemanha 7 x 1 Brasil, com base em sua percepção dos fatores descritos anteriormente e relacionados no quadro abaixo? Se quiser tentar seu preenchimento, não se esqueça de calcular também as médias, ao final:


FATORES COLETIVOS
MINHA NOTA
Integridade de escolha

Consciência de coletividade

Atitude

Respeito ao adversário

Estratégias de jogo

Eficácia de meio de campo, defesa e ataque

Entrosamento

Média

FATORES INDIVIDUAIS

Técnica

Preparação física

Concentração

Domínio emocional

Busca de auto-superação

Média

Imagem do site MuitasImagens.
Neste link há várias imagens belíssimas de futebol
Naturalmente, no jogo Brasil x Alemanha, o Brasil não merece zero em todos os quesitos. Mas, alguns merecem nota bem baixa.

O que você consideraria uma média baixa? Por se tratar da Seleção Brasileira, sugerimos que 9,0 seja um bom número para essa média. Em tempo, mesmo que tenha dificuldade de dar nota a algum fator, faça um esforço e tente, troque ideias com outras pessoas e forme sua opinião.

Lembramos que os anos passarão e que aqueles que viveram essa Copa do Mundo, como nós, bem como as gerações futuras tentarão explicar, à exaustão, o que houve nesse inesquecível (ou seria melhor esquecer?) jogo de futebol. Pelo nosso lado, e esfriadas substancialmente as emoções, deixamos, neste post, uma pequena contribuição às discussões sobre o assunto.


Finalizamos dizendo que vários dos pontos levantados junto às pessoas pesquisadas parecem úteis ao planejamento de nossas próprias vidas e atividades profissionais. Afinal, muitas de nossas atividades se desenvolvem em equipe. Não é verdade?

Postado por Nica Brand

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