Como administrar o stress e ter mais produtividade?

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Administrar emoções sob pressão tem uma conexão direta com desempenho (performance). Esta afirmativa é feita no artigo How Successful People Stay Calm, produzido pelo Dr. Travis Bradberry, co-autor do livro Emotional Intelligence 2.0 e co-fundador da TalentSmart, uma empresa especializada em inteligência emocional e que tem prestado serviços a mais de 75% das grandes empresas listadas na revista Fortune.

No artigo, o autor enfatiza pesquisas desenvolvidas pela University of California, Berkeley, as quais demonstram que é interessante experimentar um nível moderado de stress; porém, desde que sob controle. Conduzidos pela pesquisadora Elizabeth Kirby, tais estudos constatam que algum nível de stress favorece o crescimento de novas células no cérebro, melhorando a memória; entretanto, tal estado deve ocorrer de maneira intermitente, por que se ocorrer continuamente, o benefício em questão será eliminado.

Apresentamos abaixo o gráfico exibido pelo Dr. Bradberry em seu artigo, o qual correlaciona o stress, representado no eixo horizontal (expresso em alguma medida que reflita sua severidade e duração) e a performance, representada no eixo vertical (expressa em alguma medida de desempenho):

Note-se que o gráfico acima exprime, ao centro, para o nível de stress e duração intermitente adequado, o ponto de máximo de desempenho, ou seja, de “performance ótima”. Fora desse nível citado, registra-se queda de desempenho. 

Certo, mas como lidar com o stress quando ele parece excessivo e fora da região ideal do gráfico anterior, à direita da região de máxima performance? Vale lembrar que nós, seres humanos, com o passar do tempo, evoluimos fisicamente. A grande maioria de nós não vive em selvas, como animais. Nossos cérebros, agora mais complexos, mesmo tendo desafios intelectuais gigantescos para enfrentar, não mais necessitam responder ao meio ambiente como em eras passadas, quando, mais “animalizados”, precisávamos sobreviver em meios físicos muito hostis.

Em seu artigo acima citado, o Dr. Travis Bradberry relaciona 10 estratégias usadas por pessoas bem sucedidas, para enfrentarem situações de intenso stress, algumas das quais podem parecer óbvias. Abaixo, resumimos as mesmas:

ESTRATÉGIAS FÍSICAS

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1. Limitar a ingestão de cafeína

A cafeína pode disparar a produção de adrenalina, substância que, em grande quantidade, pode ativar o mecanismo de sobrevivência responsável por fazer a pessoa lutar ou fugir quando exposta a uma ameaça. Tal mecanismo se sobrepõe ao pensamento racional, em benefício da rapidez de resposta, o que em situações de real perigo, é útil, mas não nos demais momentos. O stress provocado pela cafeína está longe de ser intermitente.

2. Respirar

A forma mais fácil de tornar o stress intermitente é por meio da respiração. Quando se está sob stress, pode-se fazer a seguinte prática: fechar a porta do recinto, sentar-se em uma cadeira e focalizar a atenção na respiração, evitando quaisquer outras distrações. A ideia de ficar completamente concentrado(a) na respiração é evitar que cérebro comece a divagar e deve-se se concentrar exclusivamente nas inspirações e expirações. O ato de contar os movimentos respiratórios também auxilia a evitar que a mente divague, mesmo que eventualmente se perca a contagem: basta recomeçar. Essa prática treina o cérebro para focalizar apenas uma tarefa em mente, reduzindo o nível de stress. 

3. Dormir

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O sono é tremendamente importante para aumentar a inteligência emocional e para que a pessoa administre o nível de stress. Quando a pessoa dorme, o cérebro se recarrega, retrabalhando, armazenando ou descartando memórias (o que produz sonhos). Dormir aumenta o autocontrole, a atenção e a memória; a falta de sono, por seu turno, eleva o nível de hormônios que provocam stress. Uma boa noite de sono pode ser substancialmente reparadora.

ESTRATÉGIAS COMPORTAMENTAIS

Imagem: Boians Cho Joo Young

4. Apreciar o que se tem

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Apreciar o que se conquistou não apenas é algo justo, como também melhora o humor, por reduzir o nível da substância denominada cortisol em cerca de 23% no organismo. Pesquisas da University of California indicam: pessoas que se comportam dessa forma melhoram o humor, a energia e o bem estar físico, o que tem tudo a ver com o menor nível de cortisol no organismo.

5. Evitar a pergunta “e se?”

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Esse tipo de pergunta constitui uma espécie de combustível para o stress e a preocupação. O futuro pode seguir em muitas direções diferentes e quanto mais se preocupa, menos se coloca foco nas ações que podem acalmar e colocar o stress sob controle. Claro que isso não significa que você não tenha um plano B. O famoso mágico David Coperfield declarou que, em suas apresentações, ele tem planos A, B, C, D e E. No entanto, ele é, visivelmente, uma pessoa com grande autoconfiança.

6. Manter-se positivo(a)

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Pensamentos positivos ajudam a tornar o stress intermitente, por focalizarem a atenção do cérebro apenas em algo que está livre de stress. O cérebro pode divagar um pouco para fins de selecionar algo positivo sobre o que pensar. Qualquer pensamento positivo refocalizará a atenção; o importante é ter algo positivo que realmente atraia a atenção, caso os pensamentos negativos retornem.

7. Eliminar pensamentos negativos

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Outro grande cuidado na administração do nível de stress consiste em evitar pensamentos negativos. Quanto mais a pessoa se debate em pensamentos dessa natureza, maior poder os mesmos terão. Entretanto, a maioria dos pensamentos negativos são apenas pensamentos, não fatos. Se a pessoa se perceber acreditando em ideias negativas e pessimistas, recomenda-se parar o que estiver fazendo e escrever o que está pensando. Essa ação a tornará mais racional, permitindo-lhe avaliar receios. Pode-se também ligar para alguém em quem se confie, como um amigo ou colega, e ouvir sua opinião; a verdade emergirá, separando a realidade da ficção.

8. Desconectar-se

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Dada a importância de manter o stress intermitente, retirar-se do "turbilhão" regularmente pode ajudar a manter o nível de stress sob controle. Quando a pessoa se disponibiliza para o trabalho 24 horas por dia, sete dias por semana, ela se expõe a um bloco permanente de fatores estressantes. Forçar uma retirada - por exemplo, desligando o telefone ou interrompendo emails - dá ao corpo uma parada em relação a uma fonte constante de stress. Se a desconexão de problemas por meio de tecnologias de comunicação se tornar difícil ao longo da semana, pode-se tentar a desconexão em finais de semana ou em momentos de menor chance de conexão. Pausas de descanso refrescantes reduzem o stress mental e recarregam a mente.

9. Reconfigurar a perspectiva

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O stress e a preocupação são "turbinados" pela percepção dos eventos. É fácil imaginar que cronogramas não realistas, chefes imperdoáveis e tráfego fora de controle são as razões pelas quais a pessoas se encontra estressada em um dado momento; entretanto, se não se pode controlar as circunstâncias, pode-se controlar como responder às mesmas. Assim, antes de gastar tempo preocupando-se com um assunto, pode-se tirar um minuto para apreciar a situação em perspectiva. Outra recomendação, quando o stress é intenso, é avaliar se ele é proporcional ao problema. Em tempo, se pensamentos do tipo “tudo está errado” ou “nada dará certo”, recomenda-se reconfigurar a situação. Uma forma de corrigir esse padrão de pensamento é listar os pontos específicos que estão realmente insatisfatórios ou não funcionando e, muito provavelmente, o escopo dos estressores parecerá muito mais limitado que parecia inicialmente.

10. Utilizar o sistema de suporte

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É tentador, ainda que inefetivo, tentar fazer tudo por si mesmo(a). Para se manter calma e produtiva, a pessoa necessita reconhecer sua fragilidade e pedir ajuda quando precisar. Isso significa apelar para o sistema de suporte, quando uma situação parecer tão desafiadora que se torna insuportável. Cada um de nós tem, no trabalho e/ou fora dele, alguém para ajudar. É importante identificar tais indivíduos e esforçar-se para obter suas opiniões e assistência quando se necessita. Algo simples como conversar sobre preocupações pode criar alternativas e reduzir a ansiedade e o stress. Na maioria das situações, outras pessoas poderão ver soluções que a pessoa preocupada não consegue visualizar, por estar emocionalmente envolvida no caso. Outro ponto importante: além de reduzir o stress, recorrer a outras pessoas fortalecerá relacionamentos confiáveis.

         

Destacamos, com respeito às três estratégias físicas anteriormente apresentadas, sem deixar de reconhecer a importância de todas elas, o sono como instrumento imprescindível de reparação do cansaço mental e do stress. 

De maneira mais ampla, recomendamos, ainda, a leitura do artigo Como cuidar bem de nosso cérebro?, publicado n’Os Espertos, em 03/08/2014, contendo dicas para que o cérebro humano seja bem cuidado e opere de forma eficaz. 

Com respeito às sete estratégias comportamentais anteriores, acreditamos que todas têm a ver, essencialmente, com manter o pensamento positivo e a mente em uma perspectiva favorável, de maneira que o cérebro possa se beneficiar do “stress positivo”. 

De fato, o pensamento tem força e tem sido analisado por cientistas como instrumento de controle de equipamentos. Aliás, o cientista brasileiro Miguel Nicolelis criou um exoesqueleto que poderá permitir, a paraplégicos e tetraplégicos, andar novamente. O exoesqueleto é acionado pelos sinais cerebrais de quem o "veste". Ou seja, esses sinais cerebrais contêm energia, que se traduz em impulsos elétricos.

Conheça mais sobre o trabalho
do cientista Miguel Nicolelis

 

Finalizamos acrescentando às dez recomendações anteriormente mostradas a seguinte: rezar, consoante a crença de cada um. Com poucas palavras, mas expressando, de maneira sincera, angústias, expectativas e esperanças. Acreditamos que a fé relacionada a pedidos justos de fortalecimento interno e de bons insights constitui um elemento master do sistema de suporte, contribuindo fortemente para fortalecer as pessoas e os seus pensamentos e ajudando-as na administração de seu nível stress e na melhoria de sua performance.

Postado por Nica Brand e Beto Locatelli