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Ao iniciar um novo negócio, um investimento inevitável é em software. E pode ser um investimento muito alto, para além da capacidade financeira de boa parte das pequenas empresas.
Ao se defrontar com os altos custos, o empresário iniciante pode cair na tentação de utilizar softwares piratas. Ok, pode parecer uma jogada esperta, economizar muito dinheiro utilizando programas conseguidos de maneira ilegal. Mas há alguns poréns:
1) programas piratas podem ser denunciados anonimamente (por um funcionário descontente, um cliente revoltado ou até pela moça da limpeza) e resultam em multas pesadíssimas aplicadas pela Receita Federal.
2) programas piratas, em alguns casos, não funcionam, pois a empresa proprietária constrói certos softwares para só funcionar quando o computador está conectado à internet e o número de série é confrontado com os registros da empresa e até com o IP (endereço) do computador.
3) pirataria é crime e não é de bom alvitre começar um negócio cometendo um crime.
Mas a verdade é que usar programas comprados legalmente pode simplesmente inviabilizar certos negócios. Então, que fazer? A melhor solução pode ser optar pelo software livre que é, na maioria dos casos, grátis, ou então tem preços muito mais viáveis.
Se é de graça, não presta?
Num mundo em que vigora a famosa frase não existe almoço grátis, quem não conhece software livre acha que isso é coisa de hippies, que não funciona, que é ruim. E isso não procede. Os softwares livres podem ser tão bons quanto os softwares proprietários. Ou até melhores, em alguns casos.
Mas se é de graça, como eles sobrevivem?
As fundações e as pessoas que mantêm e aprimoram os softwares livres ganham dinheiro, sim, de muitas formas. Podemos dizer que software proprietário, via de regra é aquele em que poucas pessoas ganham muito dinheiro, enquanto o software livre é aquele em que muitas pessoas ganham dinheiro. As formas de ganhar dinheiro incluem aulas em CDs, tutoriais, doações, apoio de governos, camisetas com logotipo e muitas outras.
Mas o que é, afinal, um software livre?
Nem todo software livre é gratuito. Alguns são vendidos, embora os preços sejam ridiculamente menores do que os softwares chamados proprietários. Por outro lado, existem softwares proprietários que são gratuitos!! Ficou confuso(a)? OK, explicamos!
Software livre (gratuito ou não) é aquele cujo código fonte – as linhas de código com o qual o software foi criado – é aberto, isto é, está acessível a todos os que quiserem vê-lo, estudá-lo e até alterá-lo para que se adapte às necessidades específicas de cada usuário.
Software proprietário (gratuito ou não) é aquele cujo código fonte NÃO está aberto a ninguém, fica só no cofre dos donos desse software.
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Imagem: renjith
krishnan
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O software livre mais conhecido de todos é o sistema operacional Linux, que concorre com o Windows e com o OS, da Apple. O sistema Android, presente em smartphones e tablets, é uma variação do Linux.
Mas você não precisa instalar o Linux em seus computadores. Aliás, se você não está familiarizado com software livre, instalar o Linux logo de cara pode ser não recomendável. Aqui vamos sugerir uma transição gradual para o software livre. Migrar para o Linux, se essa for a opção adotada, deve ficar como uma meta lá no horizonte.
Este escriba é fã do Linux. Estou escrevendo este texto num computador com sistema operacional Ubuntu, uma variação do Linux criada na África. Mas reconheço que, para quem vem do Windows, a mudança não pode ser feita de forma açodada.
Softwares para seu escritório
Então, ok, ficamos no sistema Windows, por enquanto. Comprar um computador com Windows oficial instalado não sai caro. O que pesa mesmo no bolso é comprar todos os softwares com os quais vamos trabalhar no escritório. É isso que podemos evitar, recheando esse computador com ferramentas opensource (de código aberto) ao invés de ferramentas proprietárias.
Comecemos nossa mudança de paradigma pelo navegador da internet. O usuário do Windows acostumou-se a associar aquele ícone que é a letra e azul com a internet, como se fossem sinônimos. Não são. Então, o primeiro passo é experimentar, por exemplo, o Mozilla Firefox para a navegação.
No caso do navegador, não estamos falando de vantagens financeiras – já que o Internet Explorer vem junto com o Windows – mas sim de acostumar o cérebro a novos paradigmas.
Agora, uma grande mudança: adotar, como pacote de escritório o Libre Office. Ôpa, aqui estamos falando de economia, pois o Libre Office é poderoso, gratuito e vem com todos os itens de um pacote de escritório: editor de textos, editor de planilhas, criador de apresentações, gerenciador de banco de dados, editor de imagens vetoriais e até um editor de fórmulas matemáticas.
Há muitas vantagens no Libre Office. Cito uma: ele abre , edita e salva arquivos criados no Microsoft Office. Então, não importa se seu cliente ou fornecedor não tem o Libre Office. Os dois – Libre Office e Microsoft Office – "conversam" sem problemas. Seu cliente manda uma planilha feita no Excel e você abre, edita e salva usando o Calc, manda de volta a ele, que a abre normalmente.
Considerando os preços do Microsoft Office, e imaginando que o escritório tem, digamos, 10 computadores, seu bolso ficará feliz se você optar pelo Libre Office.
Agora, uma grande mudança: adotar, como pacote de escritório o Libre Office. Ôpa, aqui estamos falando de economia, pois o Libre Office é poderoso, gratuito e vem com todos os itens de um pacote de escritório: editor de textos, editor de planilhas, criador de apresentações, gerenciador de banco de dados, editor de imagens vetoriais e até um editor de fórmulas matemáticas.
Há muitas vantagens no Libre Office. Cito uma: ele abre , edita e salva arquivos criados no Microsoft Office. Então, não importa se seu cliente ou fornecedor não tem o Libre Office. Os dois – Libre Office e Microsoft Office – "conversam" sem problemas. Seu cliente manda uma planilha feita no Excel e você abre, edita e salva usando o Calc, manda de volta a ele, que a abre normalmente.
Considerando os preços do Microsoft Office, e imaginando que o escritório tem, digamos, 10 computadores, seu bolso ficará feliz se você optar pelo Libre Office.
Agora um exemplo mais radical. Digamos que você é um arquiteto e precisa de um bom software de criação digital (conhecido como software 3D). Nesse caso, é grande o baque financeiro se você for comprar os softwares proprietários. O famoso AutoCAD da Autodesk custa, sem NENHUM addon (complemento) a bagatela de R$ 13 mil. Se você for comprar os addons, esse valor sobe consideravelmente. Se você precisa do AutoCAD instalado em mais de um computador... bem, talvez você queira mudar de profissão e desista de abrir o escritório de arquitetura...
Mas, não se desespere. Você pode optar por instalar o poderosíssimo Blender. Este que escreve utiliza o Blender, não para projetos de arquitetura, mas para criar imagens digitais. Em termos de arquitetura, este vídeo mostra do que o Blender é capaz. Todo o vídeo foi criado no computador pelo Blender, não há filmagem de ambientes reais:
Mas, não se desespere. Você pode optar por instalar o poderosíssimo Blender. Este que escreve utiliza o Blender, não para projetos de arquitetura, mas para criar imagens digitais. Em termos de arquitetura, este vídeo mostra do que o Blender é capaz. Todo o vídeo foi criado no computador pelo Blender, não há filmagem de ambientes reais:
Blender é um fenômeno à parte. Tem uma comunidade fortíssima, com desenvolvedores que produzem complementos portentosos. Por exemplo, este que escreve comprou um luxuoso retopologizador para o Blender por somente U$ 35,00. Ah, se fosse para o AutoCAD, U$ 35,00 não dariam nem para o cheiro.
O Blender também conta com um verdadeiro corpo docente na internet, disponibilizando tutoriais, aulas, dicas e ajuda. Este é o espírito do software livre: não se trata apenas de economizar dinheiro, mas de estimular o espírito de solidariedade e cooperação.
O Blender também conta com um verdadeiro corpo docente na internet, disponibilizando tutoriais, aulas, dicas e ajuda. Este é o espírito do software livre: não se trata apenas de economizar dinheiro, mas de estimular o espírito de solidariedade e cooperação.
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Há muito a dizer sobre software livre, mas noto que o artigo já ficou consideravelmente grande. Então, encerro dizendo que o software livre propõe uma revolução na forma como lidamos com nossas ferramentas digitais, disponibilizando as linhas de código publicamente, de forma que todos podem fazer parte da equipe, seja como utilizadores, seja como desenvolvedores. Nos softwares proprietários, a via é de mão única: a empresa vende e você compra. No caso do software livre, há uma interação produtiva enorme entre todos.Postado por Beto Locatelli
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