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Créditos da imagem: jscreationzs |
Dentro
de um planejamento pessoal que alguém queira desenvolver, tema esse
abordado nos posts Por
que planejar a vida pode fazer grande diferença? (29/07/2014) e
É
possível planejar a vida estrategicamente, como fazem empresas e
outras organizações? (03/08/2014), um dos pontos mais
relevantes é o planejamento das finanças pessoais. Este é um assunto que merece especial atenção, estando associado tanto à dimensão
do trabalho quanto à dimensão do “Eu”, onde residem as nossas
potencialidades e dificuldades pessoais.
Por
que pessoas podem ficar em sérias dificuldades financeiras,
eventualmente dependendo de outras para sobreviverem? Acreditamos que
existem vários motivos, entre os quais destacamos, sem pretender
esgotar as ocorrências:
- Falta de cultura de poupança e excesso de cultura de gasto. Uma pessoa, ao longo de sua vida, pode sequer ter sido avisada por alguém do seu círculo familiar ou de amizades sobre a importância de pensar no futuro. É incrível, mas pode acontecer.
- Carência de ensinamentos básicos sobre a gestão de finanças domésticas. A pessoa pode, simplesmente, jamais ter tido a oportunidade de participar de alguma discussão mais aprofundada sobre conceitos como consumo, poupança, juros, inflação e outros.
- Crença justificada em uma oportunidade que não se mostrou válida. A pessoa pode ter investido seus esforços em algum tipo de atividade ou negócio que não se confirmou, ao final, como sendo interessante. Não se descarte a possibilidade de problemas com sócios, que por vezes podem ocorrer, onerando uma das partes.
- Despreparo para situações de emergência. A inexistência de um plano de saúde ou de uma reserva para situações de emergência, pode colocar a pessoa em uma espiral de dívidas e comprometimento da renda. Ninguém está imune a eventos como doenças, cirurgias e outros; o ideal é que não aconteça, mas é preciso, além de cuidar da saúde, pensar nos recursos financeiros.
- Sentimento de poder diante da oferta de crédito. Propositalmente colocada diante de várias
Créditos da imagem: imagerymajestic - Desejo intenso de realizar algum plano específico, sem planejamento. O sonho de adquirir um bem ou serviço específico (exemplo: aquele carro maravilhoso!) pode ser tão forte que conduza o indivíduo a gastar muito além de suas posses, sem qualquer tipo de poupança programada para bancar seu desejo.
- Desejo intenso de aceitação social. A pessoa pode preferir se endividar em demasia, muito além de suas possibilidades, em prol de ostentar um padrão e de se sentir aceita.
- Compulsão por consumo. Da mesma forma que existem pessoas compulsivas com alimentos e outros itens, existem pessoas que compram bens compulsivamente, não por que necessitam, mas por que simplesmente não conseguem não comprar.
- Abuso de parentes ou pessoas próximas. Isso é particularmente preocupante, pois a pessoa pode ser explorada e ter seus recursos financeiros drenados por cônjuge, parentes ou “amigos” gastadores. Ponto de atenção: a dificuldade de dizer não.
- Condição macroeconômica desfavorável, que tenha produzido perda de emprego e/ou de renda. Isso pode, sim, ocorrer. Infelizmente, nem sempre a oferta de trabalho é a melhor possível e muitas pessoas podem ficar sem trabalho, o que pode corroer suas economias.
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Créditos da imagem: graur razvan ionut |
Analisando
a relação acima, na qual não priorizamos nenhum item como sendo
aquele mais relevante, considerando tudo importante, observamos que
parte dos problemas pode se originar nas próprias pessoas, em nossas
condições emocionais. Nos itens 4 a 9, o aspecto emocional está
particularmente evidenciado. Por outro lado, nos itens 1 a 3 e 10,
principalmente nesse último, lembramos que nem tudo depende ou
dependeu de nós; ao mesmo tempo, pensar nesses itens ajuda a
prevenir o futuro, a fazer a nossa parte e a ter planos B, C e assim
por diante.
Em
meio às dificuldades e riscos, há boas notícias: dá, sim, para
melhorar bastante o planejamento das finanças familiares (e
pessoais!), havendo uma série de medidas e providências que podem
ajudar. Este post, dedicado às famílias, focaliza um
primeiro passo inicial, que é entender o seguinte: os juros são
um mecanismo da economia que pode ser usado contra ou a favor das
pessoas e famílias. Os juros criam um efeito bola de neve que
precisa ser bem compreendido e usado a nosso favor. Não na criação
do endividamento sufocante, mas na criação de poupança.
O
efeito bola de neve acima
Considere-se
que um casal fictício, João e Maria, consiga dispor de $ 100 para
poupar mensalmente, durante 10 anos, ou seja, 120 meses.
Suponha-se,
ainda, que essa poupança possa ser feita considerando um leque de
alternativas, as quais possam render taxas de juros variando de 2,00%
a 5,00% ao ano, acima da inflação. No gráfico a seguir, ilustramos
tal suposição:
Note-se,
no gráfico acima, que quanto maior for a taxa de juros alcançada
por João e Maria, maior será o valor de sua poupança final.
O
gráfico em questão já nos permite identificar um certo efeito
bola de neve, a partir da obtenção de maiores taxas de juros
para os recursos poupados. Essa bola cresce em movimento de
ascensão, para cima, diferentemente das bolas de neve reais, que
encorpam ladeira abaixo...
Continuemos
nosso raciocínio. Suponha-se agora que o casal hipotético do nosso
exemplo, João e Maria, queira aumentar o valor poupado. Veremos que
esta será uma boa decisão, sob o ponto de vista de potencialização
da poupança final.
Para
uma dada taxa de juros, quanto maior a quantia poupada mensalmente,
maior a poupança final. Confira no gráfico abaixo, para a taxa de
juros de 2,00% ao ano, como isso é verdade:
Conforme
se percebe, para uma taxa de juros de 2,00% ao ano acima da inflação,
João e Maria poderão alcançar, em 10 anos, uma poupança conjunta
total de R$ 132.597 mil, se conseguirem poupar, a cada mês, R$
1.000. Importante: esse valor poupado mensal precisa acompanhar a
inflação.
E se
conseguirmos uma taxa melhor para aplicar nossos recursos? Conforme
já visto, taxas maiores certamente melhorarão a poupança final.
Para a taxa de 5,00% ao ano, por exemplo, o gráfico anterior se
tornará:
Nos
exemplos apresentados, demonstramos que uma poupança feita
regularmente é um caminho consistente para uma poupança final
robusta, pensada para um futuro longínquo, como por exemplo, o
momento da aposentadoria, que chega inexoravelmente para todos. Este
é um dos caminhos para que se possa poupar. Discutir em profundidade
o quanto poupar, como, por quanto tempo e por quais caminhos é muito
importante, para não dizer crucial, merecendo um post à
parte.
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Créditos da imagem: David Castillo Dominici |
Por ora,
retornemos à pergunta inicial do presente post - como os
juros podem ser usados a nosso favor? Com base nos exemplos
apresentados, podemos concluir que os juros e seu efeito bola de
neve acima precisam ser usados para potencializar as nossas
poupanças e, não, as nossas dívidas. Não estamos aqui
preconizando a ausência completa de dívidas para as famílias, mas,
sim, sugerindo elevada atenção aos fatores que podem conduzir a uma
espiral de endividamento absurda, bem como recomendando a singela
ideia de ... poupar!
Finalizamos
observando que somente será possível poupar para o futuro se uma
regrinha básica for rigidamente seguida: gastar menos do que se
arrecada. Parece simples? Se analisarmos a lista de problemas que
podem conduzir uma pessoa às suas dificuldades financeiras,
concluiremos que não necessariamente, haja vista que no mundo dos
seres humanos, a simplicidade nem sempre é simples e fácil de
alcançar. Mas é preciso tentar.
Postado por Nica Brand
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