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Créditos da imagem: Gualberto107 |
Suponhamos
que felicidade seja a sensação de bem estar de uma pessoa ao
longo de um período de tempo considerado, em maior ou menor
intensidade, podendo o período de tempo em questão variar de alguns
minutos a muito mais tempo. Naturalmente, esta é uma suposição
simplificadora e que não abrange toda a riqueza das discussões
sobre o tema felicidade que poderiam ocorrer, especialmente no campo
da filosofia e na esfera das religiões.
Se
a consideração acima fizer algum sentido, podemos afirmar que vida
inclui tanto eventos especiais de felicidade, nos quais a sensação
de bem estar pode ser muito intensa, quanto uma infinidade de
pequenos eventos que também nos causam bem estar, de forma
diferente, mais leve, menos intensa. Todos esses eventos - especiais
ou cotidianos - podem criar sensação de bem estar, com maior ou
menor consciência do indivíduo.
Em
eventos especiais, a sensação de bem estar e satisfação pode ser
tão intensa que podemos nos comover e chorar de emoção (lembrando
que alguns poderão não externar seus sentimentos, mas eles
existirão). São exemplos não exaustivos desses momentos:
Créditos da imagem: satit_srihin A cerimônia de casamento, idealizada e realizada segundo as crenças da pessoa.
- O nascimento de um(a) filho(a), além de cada conquista do(a) mesmo(a).
- A conquista de um grande objetivo, como a implementação de um empreendimento planejado a construção da casa dos sonhos e a realização de um plano específico, a exemplo de uma viagem extraordinária.
- A eliminação bem sucedida de um sofrimento físico ou psicológico intenso.
- A resolução de um problema difícil ou aparentemente insolúvel.
Já
nos eventos de bem estar cotidianos – inúmeros! – os quais
doravante também denominaremos pequenas alegrias da vida, o bem
estar percebido é bem menos emocional, podendo ser expresso por meio
de comentários como “que bom!”, “ôba!”, “que sossego!”
e por aí vai. Essas pequenas alegrias podem ser muitas, tais como:
- Tomar um copo d’água quando se está com grande sede.
- Ir ao banheiro quando se está necessitado e sem ninguém a incomodar.
- Fazer uma refeição simples e saborosa, sozinho(a) ou em boa companhia.
- Tomar, vagarosamente, um sorvete delicioso ou um suco do qual se gosta.
- Fechar os olhos e simplesmente adormecer em sua própria cama.
- Olhar-se no espelho e sentir-se bem com o visual do dia.
- Voltar a vestir uma peça de roupa que deixou de caber há tempos.
- Livrar-se daquela dor de cabeça chatinha.
- Encontrar, inesperadamente, dinheiro dentro de alguma gaveta, bolsa ou roupa.
- Andar de bicicleta pela primeira vez, conseguindo equilibrar-se na mesma com sucesso.
- Assistir a um filme que desperte interesse e apreciá-lo.
- Acordar e se lembrar de que este é o primeiro dias das férias.
- Fazer uma vigorosa caminhada e tomar um banho refrescante, após.
- Admirar uma linda paisagem.
- Receber a ligação de alguém de quem se gosta e colocar as notícias em dia.
- Ganhar um presente inesperado e muito apreciado.
- Receber um elogio sincero.
- Ter o reconhecimento por um trabalho bem feito.
- Reconhecer o trabalho bem feito de alguém.
- Ter uma boa ideia.
- Concluir um belo trabalho.
- Conseguir animar alguém desanimado(a) ou desesperançoso(a).
- Ser animado(a) por alguém quando se está desanimado(a) ou desesperançoso(a).
- Fazer algo de que se gosta.
- Ajudar alguém desinteressadamente.
- Proporcionar aos pais e irmãos momentos de alegria.
- Abraçar e beijar um(a) filho(a).
- Curtir a companhia do(a) esposo(a), em diversas circunstâncias.
- Retornar à família após uma longa e extenuante viagem.
Tudo
isso e muito mais.
À
luz do exposto, retorna-se à pergunta do título deste post:
qual é a importância das pequenas alegrias do dia-a-dia?
Acreditamos
que seja muito elevada. Naturalmente, todas as alegrias da vida são
preciosas e devem ser buscadas, mas, sendo práticos(as), as pequenas
alegrias do dia-a-dia, com certeza, estão mais à mão.
Precisamente por que várias delas podem ser encaixadas nas
nossas vidas cotidianas, dependendo apenas de nós mesmos(as) e,
eventualmente, independendo de gastos financeiros, o que é
interessante para o orçamento doméstico. Uma pequena alegria
cotidiana pode passar a existir simplesmente em função de uma
mudança de postura!
Ao
mesmo tempo, lembramos que a vida não é constituída, apenas, por
momentos de bem estar. Existem, também, os momentos de mal estar,
quando algo não vai bem, ou nos entristece, ou nos enseja
sentimentos negativos. Existem os momentos em que outros sentimentos
e estados de espírito que não sejam o bem estar e do mal estar
entram em cena. E existem os momentos de neutralidade, sem qualquer
sensação específica.
Em
suma, a vida é composta pelos momentos especiais de grandes
alegrias, pelas pequenas alegrias cotidianas, pelos momentos de
infelicidade ou mal estar, pelos eventos de sentimentos específicos
e pelos instantes de neutralidade. Tudo isso é a vida e essa parece
ser uma verificação empírica.
Representemos
o tempo de vida pela figura abaixo, a qual constitui uma provocação
aos leitores deste post:
TEMPO
DE VIDA (HORAS)
Propositalmente,
representamos acima todas as alternativas em tempos idênticos na
pizza existencial mas indagamos àqueles que nos honram com a
leitura deste post: a vida real é assim mesmo, certinha, com
100% de simetria?
Também
concordamos que não.
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Créditos da imagem: stockimages |
Alguns
defenderão que a vida tem mais momentos de neutralidade do que os
demais. Outros, mais pessimistas ou em condição recorrente de
sofrimento, poderão defender que os momentos de mal estar são
preponderantes. Haverá aqueles a defender maior segmentação dos
momentos da vida, argumentando que os momentos de mal estar podem ser
divididos entre aqueles de grande sofrimento e os demais, menos
intensos (faz sentido, mas não nos dedicamos, neste post, ao
aprofundamento dos maus momentos). E outros, por sua vez, poderão
ter dúvidas, por nunca terem pensado a respeito. Tudo isso e muito
mais é possível.
Observamos
que a distribuição dos tempos anteriores dependerá,
fundamentalmente, da forma como administrarmos a pizza existencial
e lidarmos com as várias alternativas representadas na figura
anterior.
Em
suma, quanto mais conseguirmos maximizar o tempo relacionado aos bons
momentos, especialmente no nosso dia-a-dia - as pequenas alegrias
podem, sim, ser melhor percebidas e aproveitadas! - e, ao mesmo
tempo, ampliar o aprendizado sobre a vida, o que pode ser feito a
qualquer momento e não apenas quando existir sofrimento, mais
aprazíveis e ricas poderão ser as nossas existências e maior
poderá ser a nossa evolução pessoal.
Terminamos este post com duas visões interessantes:
de John Lennon: "vida é o que acontece enquanto estamos ocupados fazendo outra coisa".
e de Gonzaguinha, na sua música O Que É O Que É:
"Ah meu Deus!
Eu sei, eu seiQue a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita"
Postado por Nica Brand
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