segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Como é o ecossistema das composteiras domésticas?

Reproduzo aqui um texto que postei no Comunidade Composta São Paulo, no Facebook:

Minha composteira-padrão foi recebida durante a oficina com o pessoal do Morada da Floresta, oferecida pela Prefeitura de São Paulo. Eu jamais poderia imaginar que ali, naqueles três andares, tanta coisa iria acontecer.
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Ao usar folhas secas para a cobertura, acabei introduzindo um daqueles crustáceos de jardim (acho que um Porcellio scaber). Eles são descendentes dos trilobites, animais que dominaram o planeta há cerca de 400 milhões de anos. Esses bichinhos se alimentam de restos que encontram pelo caminho. Interessante, não? Um animal de linhagem tão antiga, de origem marinha, se encontra com as minhocas californianas que, como toda minhoca, também têm origem no mar. Bons tempos aqueles, 400 milhões de anos atrás.

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Depois surgiram, na composteira, as drosófilas (moscas de frutas), das quais gosto muito, por serem alegres e terem uma sexualidade super bem resolvida. Como a composteira está no quintal, não há nenhum inconveniente. Só que o final dessa parte foi dramático: apareceu uma lagartixa, pequena, magricela. Resultado: as drosófilas se tornaram extintas, e a lagartixa engordou muito. O papel dos vertebrados, em nosso planeta, poderia ser questionado a partir desse drama. Éramos um planeta povoado por insetos, crustáceos e invertebrados. Aí, surgiram os saurópodes, em seguida dinossauros, que passaram a se achar os donos do pedaço. Depois veio aquele corpo celeste, há 65 milhões de anos, e mostrou que não era bem assim. Felizmente, sei que as drosófilas sobreviverão como espécie. Mas não em minha composteira...
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No final do ano, viajei por 6 dias, e fiquei com medo de deixar a composteira no quintal, com esse calor. Coloquei-a num banheiro, junto com as hortas suspensas. Tampei o ralo do box, enchi o box de água e coloquei os vasos, pois assim não haveria perigo das plantas secarem. Acho que aquela umidade toda estimulou alguma fêmea de besouro a botar ovos na composteira. Nasceram as larvas, pequeninas, mas poderosas. Olhando com uma lente de aumento, parecia que eram pequenos tanques de guerra. Acho que eram da família Chrysomelidae. Elas, como as minhocas, comem os restos que encontram e produzem adubo. Há até a espécie Tenebrio, cuja larva é usada para compostagem, no lugar das minhocas. Mas esses encouraçados em miniatura não ficaram na composteira. Como são minúsculas, elas passam pela tampa. Assim, quando coloquei a composteira de volta no quintal, elas saíram pelo mundo, desaparecendo entre as folhas, no chão. Provavelmente, elas precisam de muito mais umidade do que as minhocas. Que sejam felizes nesse mundão.

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Atualmente, a composteira só tem praticamente as minhocas. Pra quebrar a monotonia, às vezes vejo aqueles mosquitinhos de tanque (gênero Psychoda), inofensivos e que não causam doenças.

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Então é isso, um relato dos dramas e transformações desse microcosmo chamado composteira.

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Postado por Beto Locatelli

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