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O mundo, aos poucos, está abandonando o papel em prol do formato digital. Isto é verdade em relação, por exemplo, aos documentos trocados nos ambientes de escritório. Até a pouco tempo atrás, era certo que, antes de certas reuniões, os participantes recebessem um calhamaço de papel sobre os assuntos a serem discutidos. Hoje isso é bem menos comum. Pessoa da família deste escriba recebeu um destes calhamaços, e imediatamente exclamou: Como é que vou analisar uma planilha em papel? Preciso disto em arquivo digital!
No início da era da informática, os especialistas previram que o uso do papel cairia drasticamente. Ocorreu justamente o contrário: as pessoas passaram a usar mais papel, aproveitando a facilidade das impressoras acopladas ao computador. Não conheço estudo a respeito, mas avalio que ocorreu o seguinte: as impressoras, nos seus primórdios, representavam um poder novo, nunca antes experimentado, que era a capacidade de um simples usuário doméstico de computador imprimir um texto, uma imagem, de uma maneira antes só acessível a empresas jornalísticas ou agências de publicidade. Foi bom! Uma sensação de poder! Eu mesmo fiz cartazes, folhetos, apostilas. Abusei das cores, como muitos fizeram, encantados com aquelas capacidades novas ao alcance da mão.
Mas, agora as previsões citadas finalmente parecem estar se cumprindo: as pessoas estão lendo mais documentos na própria tela (seja do computador de mesa, do notebook, do tablet ou do smartphone); aumentou o número dos que conversam por mensageiros instantâneos (tipo Skype ou GTalk, que vem junto com o Gmail) e dos que trocam emails, ou mensagens nas redes sociais e, com isso, resolvem as coisas sem que haja necessidade de papel. Não conheço estatísticas confiáveis a respeito, mas aposto que o uso do papel nos escritórios já é bem menor do que há alguns anos. E, que eu saiba, as pessoas não imprimem as postagens que fazem no facebook.
Como consequência da revolução tecnológica, os jornais e revistas em papel estão fechando em todo
o mundo. No Brasil, vários desses veículos migraram para a plataforma digital. No entanto, o eBook – livro digital – ainda tem um consumo muito restrito em nosso país. Mesmo os jovens ainda preferem livros em papel. Por que? Este artigo não tem a pretensão de esgotar o assunto, mas vemos alguns fatores que certamente contribuem para a persistência do livro em papel:
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leitor de eBooks Kindle, da Amazon |
- Os eBooks brasileiros ainda são muito caros.
Recentemente vi anúncio de um livro que, em papel, custava R$ 39,00 e, em formato digital, R$ 37,50. Isso parece uma piada de mau gosto. O custo maior de um livro é sua impressão. Eliminando-se esta, poder-se-ia vender o livro por menos da metade do preço. A Amazon, a gigante do livro digital, tem títulos a partir de U$ 1,99. Nossos livreiros ainda não compreenderam o mercado do livro digital e o encaram apenas como extensão do mercado de livros em papel.
- O formato dos eBooks deixa muito a desejar.
No Brasil e em outros países as editoras ainda privilegiam o formato pdf para livros digitais. Ora, o pdf é um formato antigo de propriedade da Adobe, que não serve para livros. A experiência de ler um livro digital deve ser agradável, simples e prática. O pdf é um formato muito duro, inflexível. Por que não adotar o formato epub, que é gerenciado por um Conselho internacional do qual faz parte o Google, além de outros gigantes da área digital? Além do mais, o epub é formato opensource, isto é, não pertence a nenhuma empresa e pode ser usado livremente.
- O eBook pode ser muito mais do que uma cópia do livro em papel. Principalmente se se tratar de um romance, pode-se criar vários finais, só para citar um exemplo. Pode-se também incluir imagens em movimento, pequenos vídeos, para ilustrar a obra. Pode-se permitir que o leitor dirija o cursos dos acontecimentos na estória. Mesmo se for um livro técnico ou educativo, o eBook tem a vocação de ser extremamente interativo, possibilidade essa pouco explorada ainda.
- Estamos na era digital, que é uma era imagética. Livros precisam ter muitas ilustrações, especialmente se forem dirigidos a crianças e jovens, mas também os livros dirigidos ao público em geral. Alguns intelectuais – não todos – torcem o nariz para essa questão, considerando que livros não deveriam abrir concessões, e conter apenas texto. Mas, no mundo real é preciso que o livro tenha público para sobreviver, senão tornar-se-ia uma curiosidade restrita a pequenos nichos culturais.
- Estamos na era digital, que é uma era imagética. Livros precisam ter muitas ilustrações, especialmente se forem dirigidos a crianças e jovens, mas também os livros dirigidos ao público em geral. Alguns intelectuais – não todos – torcem o nariz para essa questão, considerando que livros não deveriam abrir concessões, e conter apenas texto. Mas, no mundo real é preciso que o livro tenha público para sobreviver, senão tornar-se-ia uma curiosidade restrita a pequenos nichos culturais.
- O eBook é um novo paradigma, ainda em seus primórdios.
Sim, mesmo para os mais jovens, ler um livro digital ainda é uma atividade que não faz parte do dia a dia. Todo novo paradigma precisa de um tempo para ser assimilado pela sociedade. Mas esse dia inevitavelmente chegará.
Independente das questões mencionadas acima, o papel está fadado a praticamente desaparecer ou, pelo menos, ter seu uso muito reduzido. Tudo é uma questão de tempo para que o paradigma mude. E, sobre isso, nada melhor do que assistir ao vídeo humorístico abaixo, mostrando a transição do pergaminho para o livro:
Postado por Beto Locatelli
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